quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Retorno a um desejo já conhecido.

Sobre ontem:

  • Gargalhadas em pé ao lado da porta.

  • Silêncios carinhosos na cama.

  • Mãos dadas na rua.

  • Números dramáticos.

  • Preocupações de criança.

  • Cabelos até a cintura.

  • Pulos altos na melhor música.

  • Bilhetes na parede.

  • Peter Pan.


Sobre hoje:

  • Saudade que abraça o coração.

  • Companheirismos inesperados.

  • Pés enraizados no chão.

  • Centímetros de amores.

  • Cabelos até o pescoço.

  • Outras línguas.

  • Jujubas verdes guardadas em um pote.

  • Manhãs acordadas.

  • Mandy.


Sobre amanhã:

  • Tem coisas sim, que quero para sempre.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Everybody's gotta learn sometime.


[Change your heart
Look around you
Change your heart
It will astound you
I need your lovin'
Like the sunshine.]

[Beck]

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Amarra.




Amarra.
Não sei o quanto de nó é necessário
Para que os pés fiquem no chão.
Fiquem.
Criem raízes.
Não sei se são os cadarços,
Estes restos de raízes,
Ou o coração,
Este resto necessário.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Saco do Noel cheio.


Dezembro chegou e eu poderia até dizer que esse mês é indiferente, isso se as pessoas não se tornassem mais estranhas do que são costumeiramente e eu não ficasse assustada com a situação.
Faço parte de alguns sites de relacionamento - leia relacionamento, não sexo - e acabo conhecendo vários tipos de pessoas, umas de forma superficial, outras de forma agradável e outras bem mais do que eu gostaria. Graças ao bom senso, depois de um tempo nesses sites criei um radar onde os níveis de comunicação elevam-se, porém até quem é "aprovado" muitas vezes causa medo. Não são somente grupos de gente que freqüentam esses tipos de site que ficam sem noção, muitas pessoas "reais" também, mas como resolvi abdicar por um tempo indeterminado do mundo real por falta de estímulos e tolerância, minha abordagem vai ter não somente, mas principal como alvo os outros seres já mencionados.
Ao analisar consigo dividir nessa época as pessoas em dois grupos: os esperançosos e os rancorosos. Os esperançosos que nem têm uma vida muito boa, pra ser sincera são na maioria uns lascados, acreditam nos valores das tradições, e que só não terão um bom ano novo se não usarem uma roupa nova branca, com isso um débito já fica no cartão pro próximo, e lógico, se não fizerem uma boa simpatia. Já os rancorosos até acreditam que a esperança é a última que morre, mas que a paciência é a primeira, acham que nada vai mudar se colocarem no lugar do oito um nove depois dos dois zeros e acabam jogando aos sete ventos seu “anti-espírito natalino/reveillon.”.
E por que eles me assustam? Porque normalmente as pessoas não são tão otimistas e nem tão pessimistas assim, porque elas deixam de agir como seres normais que têm seus altos e baixos e começam a trabalhar em cima de pontos extremos, elas tornam válido o ditado de “ou 8 ou 80”, e principalmente começam a infernizar pessoas neutras a todo esse clima - leia eu - com recados cheios de lamurias que pedem indiretamente adulações, ou então com e-mails de correntes com pedidos extras que vêm também com números extras de pessoas para "repassar" em poucos segundos.
As pessoas desagradavelmente no fim do ano tornam-se cansativas e surtadas e é por isso que decidi não me constranger mais com o fato de não dar a mínima importância para as exaltações de personalidade, independente do grupo. Desejar ao próximo feliz natal ou feliz ano novo vai ser a medida certa que me cabe, porque enfim são acessórios básicos da boa educação em um convívio social, porém aturar excessos não me convém e pra isso logo aviso: “Importância, não trabalhamos”. Ah, e antes que eu me esqueça, caso não o veja mais esse mês um feliz natal e um bom ano novo e ponto.

domingo, 30 de novembro de 2008

Aos domingos.


E durante toda a minha infância os domingos foram assim:

- Capitão, bota o clip do Michael Jackson pra mim.





E eu sinto uma saudade explicável, porém jamais entendível por alguém que não viveu esses momentos.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Nota de geladeira.

Amor,

Fui comprar bebidas, e morangos,
e livros usados, e notícias velhas,
e canetas coloridas, e alfinetes.

Fui buscar meu remédio para minha
dor no peito, e umas doces mentiras
para o caso de eu querer voltar.

Lucy D.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Não há palavras.


"Se alguém perguntar por mim
Diz que fui por aí...

...Se quiserem saber se volto
Diga que sim,
Mas só depois que a saudade se afastar de mim."



(Nara Leão)

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Suvenir.


Queria saber, ainda existe aquela "cortesia" de ao presentear alguém dar a essa pessoa algo que a agrade? Porque juro, prefiro ganhar uma caixa de sabonete que grita "eu realmente não faço idéia do que você gostaria de ganhar", do que receber coisas tão sem noção que paralisa qualquer tipo de reação instantânea.
Semana passada meu irmão viajou para outro Estado e ficou hospedado na casa de uma tia nossa com quem confesso não manter nenhum tipo de relacionamento. Ele chegou, a mala foi aberta e algumas surpresas surgiram. Com relação às delicadezas compradas por ele não posso reclamar, pelo contrário, adorei tudo. Porém, eis que surge um presente enviado pela tia, um livro intitulado "Jovens Sarados". Sabe aquele presente que eu falei lá no começo, aquele que não dá pra ter uma reação? Bingo! Ao ler o título só pensei "Chamou de gorda”, mas depois de conferir que o autor é um padre saquei, "Chamou de herege".
Mil pessoas vão dizer que a intenção foi boa, e sim, a intenção dela de pregar aquilo que ELA acredita foi realmente boa, mas eu não preciso aceitar esse tipo de crença goela a baixo. Confesso, respeito, e respeito por ter obtido educação para respeitar indistintamente, pois se fosse tratá-la com a mesma cordialidade enviaria alguns cd's de trip hop, camisinhas e livros do Caio F. para ela. O quê? Seria indevido? Por que, se é nisso que EU acredito?
Fico imaginando, é tão difícil assim respeitar o tipo de fé das pessoas? Porque quando não compreendem a forma como eu levo minhas crenças sinto como se fosse necessário alguém pra me guiar no que eu tenho ou não de acreditar, como se fosse incapaz de ter boas escolhas, lê-se burra. O que faz alguém imaginar que sua forma de fé é melhor do que a de outra pessoa é o que eu nunca vou entender. Tudo bem se minha tia é uma católica fervorosa, nada demais se é nessa opção que ela se satisfaz, mas intensifico, essa é a verdade dela e ninguém é obrigado a acreditar nessa opção. Então fica a dica, dá próxima vez o sabonete será a melhor alternativa e em vez de gritar algo, ele vai apenas dizer: "É, eu não subestimo sua inteligência."

sábado, 1 de novembro de 2008

A conclusão da era.

Passado o halloween, novembro começou num sábado que inicialmente apresentou-se típico, mas algo aconteceu que o tornou significativo.
Edu, uma pessoa importante que ainda será muito citada nesse blog, antes de ir para uma terra muito muito distante deixou uma herança primorosa. Entre os vários itens, que não serão citados para evitar posteriores pedidos de empréstimos, herdei 9 boxes do seriado Friends que tem um total de 10 temporadas e consequentemente 10 boxes. Esses boxes já existem há alguns anos e posso declarar que já me fez desprender boas gargalhadas pré e pós viagem do Edu. E hoje, primeiro de novembro de dois mil e oito, eu consegui comprar a última temporada e deixar a obra completinha.
Ai, só quem realmente acompanha seriados sabe o quanto essa sensação é boa. Baixar da internet e gravar em um dvd virgem os episódios daquele seriado que você assisti as temporadas e fica torcendo pra ela seja renovada ou que já acabou mais que você não se cansa de rever é gostoso, imagina possuir a original, que vem com tantos detalhes, vários extras e um menu todo trabalhado, é coisa "marlinda" que existe.

Mandei uma mensagem pra terra distante e avisei que o legado deixado está multiplicando aos poucos. Alguns bons e novos exemplares de livros, cds, revistas e agora a finalização de Friends. E que venha agora os Grey's, Dexter, Pushing Daises, Californication, True Blood... Porque notando a estante lotada com a coleção não dá a sensação de missão cumprida, mas sim de que novas estantes terão que ser colocadas.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Versus


Além de nos implantar neuroses hereditárias e adquiridas, Freud já explicou isso em algum lugar, pais servem para nos mostrar como somos coitadinhos por não termos nascido antes, no passado, de forma que dependendo da vertente paternal ou perdemos por não subirmos naquele pé de goiaba para colher fruta madura no pé sem agrotóxicos, que hoje provavelmente cedeu lugar a algum estabelecimento comercial, ou por não termos oportunidade de assistir um show dos Stones sem toda a traição do movimento e a luta contra o sistema.
Calculando superficialmente e me inserindo na zona das estatísticas, pais foram jovens numa época em que as “ameaças” de hoje eram apenas meios de ter grandes sacadas. Drogas serviam para embalar o clima do rock progressivo, eram pontes para ideologias. Idealiza-se que os nossos atuais indies e emos são estruturas flácidas perto do que foram os yuppies e nem wave, porque somos “moderninhos” e com aspas bem maiores para tornar o desprezo mais significante, ou melhor, para nos tornar mais insignificantes perto do que eles eram, lê-se doidões ou babacas.
Observando os momentos de catarse dos mais velhos quase caio no dilema de que não vale a pena estar nesse mundo por já ter perdido tudo que existiu de bom nele. Só que enquanto eles se preocupavam com a veracidade da pisada do homem na lua, nós já queremos saber, foi ou não foi de All Star? Explicando a metáfora, não foram os tempos que mudaram, mas sim as perspectivas do entendimento.
Constatei de forma imatura que o “existirá” sempre vai ser algo incompreensível e consequentemente pior para gerações passadas. Será ruim pela sempre suposta decadência da variedade humana ou pelo supérfluo fato de não nos agradar a falta de certeza da vivencia ativa no possível futuro. Sem mais crises de preconceito e julgamento, no fundo com tudo isso só queria ter a certeza de que chegaria aos 30 sem adorar cinicamente as músicas da Legião Urbana.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Euforia mode on.


De todas as sensações já experimentadas, acredito que a que mais me eletriza é quando escuto palavras simples, porém de efeito, que me tiram de um estado amortecido.
Eu tenho muito disso, de ficar amortecida, com airbags acoplados. Não que eu me torne uma pessoa indiferente ou insensível, apenas a forma como recebo qualquer tipo de notícia torna-se amena nessas situações. O meu cantor preferido, aquele que só é conhecido no ”mundinho alternativo”, que eu sei todas as músicas e tenho todos os cds, vem fazer um show na minha pequenina e anônima cidade; no meu estágio amortecido minha reação para essa informação seria “humm, é acho que vou, o show deve ser bacana.”
Ontem o telefone tocou e era Londres. Atendi feliz, mas meu “oi” foi amortecido calmo. Bom tempo de conversa e veio o choque que me eletrizou. “Já pensou que teu atual espaço não te cabe?”. E essas foram as palavras mágicas para minha excitação chegar ao ápice. Escutar aquilo foi melhor do que qualquer música nova daquele cantor preferido que só é conhecido no “mundinho alternativo”. Poderia me sentir feliz por Londres me querer tanto ao seu lado ou triste por estar onde não me cabe e onde me cabe ser tão distante em aspectos concretos e abstratos, mas estou excitada, animada com as palavras e com as várias possibilidades, que com uma simples frase de efeito eu consegui enxergar.
Então vou de nota metal. O efeito anestésico passa quando um toque fácil proporciona a exata excitação.

sábado, 18 de outubro de 2008

Cadê a intensidade?



"Eu quis te conhecer, mas tenho que aceitar
Caberá ao nosso amor o eterno ou o não dá
Pode ser cruel a eternidade
Eu ando em frente por sentir vontade”

(Marcelo Camelo)


Esse anda longe de ser um blog de crítica musical, mas não posso deixar de comentar sobre algo que ouvi e que muito me incomodou. Foi lançado o primeiro trabalho da carreira solo do Marcelo Camelo, o cd “Sou”.
Como fã do Los Hermanos minha primeira atitude foi escutar cada faixa com expectativa. Em um primeiro momento bateu a vibe ”los hermanos” e não consegui ter um julgamento não tendencioso do projeto, mas depois de me familiarizar com as músicas e de deixar de lado alguns conceitos anteriores, a decepção foi nítida. Lembro-me de me perguntar ao escutar o cd o motivo de o nível das composições ter caído de forma considerável, se nota-se que a essência da banda ainda está nesse “novo começo”. Porque se o Camelo tentasse novas propostas até julgaria como erro típico de quem começa novos trabalhos, ainda mais depois de tantos anos em um projeto com fãs dedicados e que tinham a expectativa alcançada a cada novo cd, em cada nova música.
Não queria fazer comparações, porém é inegável o fato do Amarante ter conseguido realmente uma carreira própria, carreira essa que já existia mesmo estando com os hermanos. A Orquestra Imperial faz um som de qualidade e que em nada lembra o que é feito pelo Los Hermanos e ainda surgiu a Little Joy que é a banda do Rodrigo com o baterista do The Strokes. Ela tem movimento, não diria que a batida é totalmente original, porém é de peso.
Não falo que não gosto de nada que escutei do “Sou”, algumas melodias têm uma boa sonoridade, o que intriga são as letras que não possuem a mesma intensidade. Admiro muito o compositor que ele é e ainda existe fascinação, até porque a forma continua a mesma, porém o conteúdo, nesse caso, não transmite a mesma verdade. Ainda dou os meus aplausos, mas sem tanta intensidade.